1.5.07

A la Cama no te Irás sin Saber una Cosa más

Grammy Latino 2002

Prêmios Grammy Latino exiben música inovadora
A cerimônia dos prêmios Grammy Latino, cancelada no ano passado pelos atentados de 11 de setembro, foi celebrado no momento em que a música latina floresce com inovação, mas enfrenta um queda nas vendas, a pirataria e a difusão limitada nos rádios dos Estados Unidos.
Avaliando os desafios no setor, quase todos os envolvidos na terceira entrega anual de Prêmios Grammy Latino, esperaram o retorno do show transmitido no horário de maior audiência, ao vivo de Hollywood, pela emissora CBS.
“Estávamos esperando isto já que se perdeu um pouco do interesse no evento do ano passado”, disse Frank Welzer, presidente executivo para América Latina da Sony Music International.
A cerimônia do ano passado viu-se obscurecida pela controvérsia ainda antes dos ataques ao Pentágono e ao World Trade Center, que ocorreram no dia em que o show ia ser transmitido ao vivo.
Antes do dia 11 de setembro, os organizadores da cerimônia viram-se obrigados a mudar o espetáculo de Miami para Los Angeles, devido a temores de que protestos de manifestantes anti-castristas pela presença de artistas cubanos provocassem um caos.


Mais que Ricky Martin
E como o ano passado, entre os nomeados nesta ocasião estão mais artistas de grande sucesso que as usuais estrelas pop que fizeram a incursão no mundo anglo-falante como Ricky Martin.
A política do novo é uma força motriz, com artistas da Colômbia, uma nação submergida em uma guerra civil, localizando-se proeminentemente entre as dezenas de categorias, que vão desde o flamenco até o samba, o rock, o clássico, a salsa, o merengue e a música regional mexicana.
“Um dos terrenos musicais mais férteis agora está na Colômbia, em parte devido à revolta política (que existe) lá”, disse Bruno Delgranado, presidente da Maverick Música, a divisão latina do selo Maverick, uma empresa conjunta com Warner Music.
“A nova geração de colombianos encontrou vias para expressar sua cólera e angústia e existe material assombroso que provém dali agora”, indicou.


Mistura Mágica de uma Roqueira
A roqueira colombiana Shakira, que fez sua incursão no grande mercado com uma mistura única da música pop, do Oriente Médio e salsa, atuou no show. Seu vídeo ‘Suerte’ ganhou o Grammy de Melhor Vídeo Musical.
Outro dos grandes artistas colombianos é o astro do pop Carlos Vives, nomeado ao Melhor Álbum do Ano por seu ‘Déjame Entrar’.
Também procedente da Colômbia está o roqueiro Juanes, que surpreendeu a muitos ano passado quando atraiu o maior número de nomeações. O ganhador de três prêmios atuou este ano com a cantora pop Nelly Furtado.
O intérprete conta com três candidaturas pela música ‘A Dios Le Pido’, incluindo Canção do Ano, Melhor Canção de Rock (o qual venceu) e Melhor Vídeo Musical.
Outra grande tendência é a contínua fusão de gêneros de todo o mundo, talvez melhor mostrada por Celia Cruz, postulada à Melhor Disco do Ano por seu tema ‘La Negra Tiene Tumbao’, considerada uma das melhores peças do ano.
“Existe uma combinação de artistas desconhecidos e estabelecidos que estão surgindo com os sons mais inovadores”, disse Luis Brandwayn, presidente e fundador do Batanga.com, uma rede de rádio latina da Internet.
“A música latina de hoje está baseada não somente no país do qual um artista procede”, agregou.


Grupo Diverso
Uma olhada rápida aos nomeados reflete a natureza diversa e global dos prêmios, que vai desde o inovador Miguel Bosé até o cantor romântico pop Alejandro Sanz, ambos de Espanha, o grupo roqueiro chileno La Ley e o roqueiro funk Cabas, da Colômbia.
Porém enquanto a música latina está derramando criatividade, o negócio está desacelerando-se, indicaram executivos.
Os pedidos de CD’s de música latina baixaram 26%, menos de 19 milhões de unidades no primeiro semestre de 2002, segundo a Associação da Indústria Discográfica dos Estados Unidos, que culpa isso à pirataria, ou a venda de CD’s falsificados.
Ainda que a música latina configure somente 5% do mercado musical global, aproximadamente 40% da pirataria física é latina, de acordo com Welzer da Sony.
Outros também citam a falta de lançamentos de grandes produções, mas têm a esperança de que haja alguns êxitos posteriormente.
Brandwayn disse que os artistas latinos nos Estados Unidos seguem enfrentando desafios de mercado, com a rádio dando-os pouco espaço na difusão.
“Muito do material nomeado este ano não está disponível na rádio. Estas bandas são extremamente populares, mas estão tendo dificuldade para obter espaço na difusão nos Estados Unidos, devido às rádios irem pelo comum denominador, como baladas, salsa, pop e música mexicana”, indicou.
Neste aspecto, Welzer disse que um desempenho memorável nos Grammy’s pode ser mais valioso, inclusive, que levar um troféu para casa.
“Ganhar não é tão importante. Tudo gira ao redor do desempenho, que é o que pode ser impactante. Alguém pode estourar na cena como resultado”, disse.


Alejandro Sanz é o grande ganhador do Grammy Latino 2002
O espanhol Alejandro Sanz foi o grande vencedor da noite e levou para a casa três dos gramofones mais desejados, de Gravação do Ano, Álbum do Ano e Canção do Ano, dentro o segmento geral do terceiro Grammy Latino. A canção/gravação foi ‘Y Sólo Se Me Ocurre Amarte’, do mais recente álbum de Sanz, o ‘MTV Unplugged’. Mas afinal, ele merece tudo isso aí? Dentro do panorama de pop latino e música de raíz, Sanz fica quase no meio, misturando o pop com o flamenco. Seu acústico foi lançado no meio do ano passado e juntou hits em versões não-elétricas, o que valorizou seu lado latino. Seu disco anterior, ‘El Alma al Aire’, ganhou quatro Grammy Latinos em 2001 e vendeu perto de 5 milhões de cópias pelo mundo.
O ‘MTV Unplugged’ foi primeiro lugar na parada musical espanhola e chilena e se deu bem no mercado. Ele não é só um cantorzinho que coloca sua voz em músicas hiperproduzidas por terceiros, é compositor da maioria de suas faixas, como a que lhe deu o trio de gramofones este ano. Os músicos do disco são da turma do espanhol, com a adição do baterista Vinnie Colaiuta, companheiro musical de muito tempo de Sting - e ele faz a diferença no disco extremamente bem-produzido. Aliás, um dos melhores acústicos latinos. Entre as faixas de destaque, para quem quiser começar a conhecer o cantor, estão ‘Quisiera Ser’ e ‘Corazón Partío’. Esta última foi um de seus primeiros hits, do disco ‘Más’, de 1997.
Na festa, Alejandro se apresentou ao piano e voz, o que não deixa de ser uma ousadia e coragem, enquanto os outros companheiros competidores apareceram com suas enormes bandas e metaleiras. Outra postura firme é que ele não grava em inglês para se misturar o boom latino dos últimos anos. Não descarta a possibilidade, mas acha que o ‘crossover’ de sua música vai acontecer mesmo em espanhol. Sanz não se veste de acordo com a moda, prefere até o estilo rancheiro e torce para que isso vire moda, para que fique à vontade.
Apesar de morar em Miami atualmente, o músico é parte do cenário musical de Madri, Espanha. Cresceu lá, tocou por diversos bares e aprendeu os segredos do flamenco da maneira mais complicada atualmente - na prática, tocando com veteranos. Sanz diz que os caciques do gênero não querem passar adiante a fórmula e para isso circulou pela noite tocando percussão. Mas também toca um belo violão e arranha no piano, como o público pôde ver na premiação do Grammy Latino deste ano.
A carreira fonográfica para valer iniciou em 1991 com o disco ‘Viviendo Deprisa’, que vendeu muito. O seguinte, de 1993, ‘Se Tu Me Miras’, forneceu ao cantor a oportunidade de se juntar a um ídolo do violão, Paco de Lucia. Vieram ‘Alejandro Sanz III’ e o quarto disco depois de três anos de trabalho duro, ‘Más’. Nessa época, seu disco de sucessos, ‘Greatest Hits’, chegou ao país e se emplacou. Chegou a vir no Brasil em 1999.

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