8.5.07

Calle 13

Calle 13 emprega linguagem violenta porque lhes importa o fundo da música
O duo porto-riquenho Calle 13 canta com uma linguagem direta cheia de violência e sexo porque não lhes interessa a forma, mas sim o fundo da música, disseram seus integrantes, René Pérez e Eduardo Cobra, “Residente” e “Visitante” respectivamente.
“Eu trato de dizer coisas sexuais, violentas, que nunca na vida vai ser dito, porém que passam pela cabeça”, disse Pérez em coletiva de imprensa na capital mexicana.
“A realidade é que o que nós dizemos em nossas canções sucede em todos os lugares, sucede na cama”, apontou.
Por sua parte, Cobra reconheceu que devido à linguagem direta que usam em suas canções foi alvo de muitas críticas.
No entanto, susteve que o público acolheu bem seu estilo direto, pelo qual conquistaram uma grande popularidade no Centro e Sul da América.
“Residente” e “Visitante” estiveram no México por causa do Festival Vive Latino do qual participaram.
A dupla considera esta sua primeira visita formal ao país, ainda que em outubro passado se apresentaram na capital mexicana no marco dos prêmios MTV Latino América 2006, que foi entregue pela primeira vez fora do território estadunidense.
Atualmente, a agrupação apresenta seu disco intitulado “Residente o visitante”, que inclui temas como “Tango del Pecado” e “Cumbia de los Aburridos”.
Neste álbum participaram também a espanhola Mala Rodríguez, o argentino Vicentico e o músico Gustavo Santaolalla.
Pérez disse que o gênero musical de Calle 13 não se pode etiquetar em um só gênero e qualificou sua música como “alternativa urbana”, uma mistura de rap com fusões de reggaetón e outras variantes.
“Para comunicar-me, pelo menos em meu país, faço com rap, porque necessito estabelecer uma conexão com o povo, com a massa”, explicou o vocalista.
Sobre seus próximos planos, o duo anunciou que no transcurso do ano realizarão uma turnê pela Europa, na qual visitarão algumas cidades da Espanha, como Barcelona.
Posteriormente regressarão ao México, onde pensam residir por uma curta temporada para consolidar sua posição no mercado mexicano.
Em apenas um ano de carreira, Calle 13 colheu vários prêmios, entre eles três Grammy Latinos.

Calle 13 faz soar um reggaetón com consciência e sucesso, dizem seus integrantes.
Juntos desbancaram Jennifer López e deram ao reggaetón algo para pensar: são René Pérez e Eduardo Cabra, meio irmãos de sangue e unidos pela música no Calle 13.
“Temos a sorte de muitas pessoas nos escutarem, e isso se deve aproveitar para algo mais do que dizer move as nádegas e aperta-me com um pau”, confessa Eduardo Cabra.
Dos dois boricuas de 29 anos que compõem este duo, Cabra toca a música, enquanto René Pérez é responsável pelas letras.
Mas no palco não há divisões: são Calle 13, os expoentes do novo reggaetón que venderam cerca de meio milhão de cópias de seu primeiro álbum e que recentemente lançaram seus segundo: “Residente o visitante”.
“Si pensar tem muito a ver com a emigração”, confessa Cabra sobre o título do álbum, que mais que uma realidade define um sentimento, porque “talvez um emigrante sente-se mais um visitante no país no qual reside”, disse.
No caso desta dupla trata-se de algo mais do que um título, porque sua fama sempre deu o que pensar; desde seu “Atrévete-te-te”, quase um hino de sua geração, até “Querido FBI”, que constitui todo um discurso político e musical.
Calle 13 tem claro sua mensagem. Há coisas mais “interessantes e inteligentes” para dizer com o reggaetón, fruto de uma evolução natural como a que viveu o ‘rap’.
Daí que a crítica os iguale com Eminem em suas melhores épocas e o público responda a sua provocação catapultando-os por cima de Jennifer López como o duo de mais vendas em espanhol nos EUA com seu novo álbum.
Uma febre contagiosa e com a qual em junho saltaram pela primeira vez do continente, convidados a Espanha para o festival Sonar (Soar em português) em Barcelona.
Dizem que estão contentes porque se seu primeiro álbum já os pareceu “algo mais que um ‘bailoteo’”, este segundo é ainda mais genuíno em seu som, um trabalho fruto de toda a liberdade que lhes deu a companhia discográfica com a evolução de sua consciência social.
É o fruto de um ano no qual aprenderam “um montão de coisas”, onde a música “fluiu” de suas viagens por toda a América Latina, em especial de umas vivências que plasmaram em um documentário onde ficaram apaixonados pelos indígenas yanomami, situados entre a Venezuela e o Brasil, ou os araucanos da Colômbia, admitem.
“Pudemos adentrar no Peru, ao lago Titicaca, no Amazonas, a Palenque, e em muitos outros lugares onde aprendemos sobre as tribos indígenas”, relembra Cabra.
Dizem que também aprenderam muito de outros mais cerca de casa, esses amigos que deixaram sua marca no álbum, como Mala Rodríguez, Alejandro Sanz ou Gustavo Santaolalla, entre outros.
“Não pense que gostamos de colaborar muito”, admite Cabra falando também por René, seu irmão por parte de pai, e completa: “É que (tais artistas) são brutais”.
Diz com admiração, essa que sempre sentiu pelo compositor argentino ganhador de dois Oscar e com o qual colaboraram ao misturar o reggaetón com o tango.
Assim mesmo, diz pela fascinação que descobriram por Sanz, o intérprete espanhol que os admitiu em sua casa de Miami onde improvisaram e do qual saiu seu som conjunto, “porque toca ‘chévere’ a guitarra”.
No meio de sua conscientização e de suas viagens, o que lhes importa são suas canções, uns temas que para Cabra vão mais além da música ou da letra porque são “filmes de Tarantino”, indica.
Igual que o realizador do filme “Pulp Fiction”, a Calle 13 não se pode vir com correções políticas.
“É que não entendo. Escandalizar-se por escutar palavras que todos dizem! Para mim tem mais peso dizer palavras que soam mal e transmitir algo inteligente para dizer 50.000 estupidez tipo: ‘Amo, te quiero, dame con un palo’ (Amor, te amo, dê-me com um pau). Isso sim que embrutece”, resume.

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