27.12.06

A la Cama no te Irás sin Saber una Cosa más

Crônica da Música Latina (2ª parte)

O rock em espanhol existiu desde que o ritmo se popularizou nos Estados Unidos. No começo a grande maioria das bandas mexicanas copiava êxitos internacionais de grupos como os Beatles, Elvis Presley, e os Rolling Stones. Depois dos protestos estudantis na Ciudad de México em 68, e a suspensão de um espetáculo ao estilo de Woodstock em Avandaro em 1971, a contracultura do México foi relegada ao underground.
Quase uma década depois emergiram bandas com El Tri e Ritmo Peligroso que não tinham intenções de emular grupos britânicos nem estadunidenses, pelo contrário, mantinham suas raízes mexicanas. Estas bandas pioneiras prepararam o caminho para o desenvolvimento de dezenas de grupos como Café Tacuba.
Enquanto o rock em espanhol estava na busca de sua própria identidade, o mambo cubano e a salsa gozaram de certa fama como ritmos exóticos. O som cubando sempre foi conhecido por sua sensualidade e suavidade, características herdadas de sua origem caribenha.
Pelo fim dos anos 90 Ry Cooder fascinou o mundo sacando à luz um dos tesouros melhor escondidos da música cubana, o Buena Vista Social Club. Membros da banda que participou no álbum, como Rubén González e Ibrahim Ferrer, desenvolveram carreira como solistas. Este último conta com uma nominação ao Grammy Latino.
México - durante vários anos os adeptos do rock estipularam que algum dia a música latina protegeria este estilo, e agora tem um dos próprios levando-o ao centro das atenções. Uma das primeiras bandas a retirar o rock em espanhol dos marcos estabelecidos pelo rock progressivo e o blues foi Café Tacuba que está levando a música popular a novos níveis de experimentação gravação, dissonâncias e instrumentais ecléticos (moderados) assim como canções liricamente maduras de qualidade incomparável.
Paralelamente, Juan Gabriel, o cantor e compositor prodigioso, continua incrementando seu extenso repertório de mais de 1000 canções e muitos êxitos, variando entre mariachi, banda e pop tradicional. O Gran Silencio, o grupo de Monterrey cria um mundo particular, onde o rap energético coexiste com a criação da rancheira. A música mexicana está viva e em boa forma, com um crescente orgulho por seu som.
Cuba - Los Van Van, uma banda de quinze músicos continua desenvolvendo a salsa até o extremo, aperfeiçoando cada vez mais o som da escola da timba, um estilo que combina vários ritmos afro cubanos com o funk americano.
O conjunto Arte Mixto faz ressurgir as raízes da música cubana criando uma mistura com o flamenco e o pop romântico. Membros do Buena Vista Social Club como Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, Eliades Ochoa, e o pianista Rubén González continuam celebrando o som. Podemos dizer que Ferrer fala por todos seus colegas quando murmura à sua última esposa, "querida, por favor, deixe-me desfrutar esta maravilhosa sensação por uns anos mais. Ver-te-ei logo, mas deixe-me desfrutar estes momentos".
O legendário saxofonista cubano, Paquito D'Rivera, continua como um ícone para os músicos do Jazz Latino como o pianista panamenho Danilo Perez e o saxofonista porto-riquenho, David Sanchez. O Jazz Latino continua crescendo no Centro e no Sul da América, os ritmos afro cubanos se misturaram com sons folclóricos dos Andes e o samba brasileiro.
Carlos Vives converteu-se em sensação internacional com sua rítmica versão do vallenato. Mas Vives é mais um dos músicos da costa atlântica da Colômbia que escolheu a música com acordeão. Segundo o Nobel Gabriel García Márquez, que é um estudioso do vallenato, esta música foi interpretada por mais de 100 anos, e somente recentemente este ritmo ultrapassou as fronteiras da Colômbia.
A cumbia também ganhou certa popularidade nas mãos de Carlos Vives, que a levou da Colômbia ao largo da costa atlântica.
Enquanto os argentinos Fabulosos Cadillacs e Mercedes Sosa aproveitaram de um tremendo êxito com o rock e o folclore, o tango não perdeu nada de seu prestígio. O tango nasceu na década de 1880 ao redor de Buenos Aires, para cruzar as fronteiras argentinas já era 1920 pelas mãos de Carlos Gardel.
Colômbia - Carlos Vives criou seu próprio pop variado, inspirado pela música popular do acordeão conhecida como vallenato, mas não se excluiu da doce cumbia. Alejo Duran também surgiu como um dos talentosos maestros do vallenato.
Dirigido por Andrea Echeverri, Los Aterciopelados, grupo de rock em espanhol, dá ao conjunto a sensibilidade distintiva do trip-hop e a eletrônica. Enquanto isso, Joe Arroyo, o Grupo Niche, a Sonora Carruseles e Fruko y sus Tesos continuam tocando sua banda de salsa: bem instrumentalmente, rápido quanto ao ritmo, 100% de dança profunda.
Argentina - O conjunto de rock Los Fabulosos Cadillacs alcançou uma colagem de som variáveis que favorecem os difíceis compasses e as não usuais texturas instrumentais. Sua música escuta-se em toda América Latina e inclusive está cruzando a Europa. A cantora Mercedes Sosa continua gravando canções folclóricas das Américas que chegam a sua alma. E Pablo Ziegler, maestro de tango, defende a tradição melancólica de Buenos Aires tocando com uma orquestra de câmara e com um novo quinteto de tango.
Ricky Martin abriu várias portas para os músicos latinos nos Estados Unidos. Com sua elétrica atuação no prêmio Grammy Latino, Martin desatou um verdadeiro furor pela música latina. Hoje vários artistas passaram com sucesso a fronteira em direção ao mercado anglo: Marc Anthony, Jennifer Lopez e Enrique Iglesias foram bem acolhidos pelo público estadunidense.
Os 100 êxitos latinos do momento tocam em todas as estações de rádio ao longo da América do Norte. Alguns céticos dizem que é um feito passageiro, mas com o crescente número de hispânicos vivendo nos Estados Unidos, o "sabor latino" vai ficar um bom tempo.
O samba é considerado a música brasileira mais famosa. Os hipnóticos sons do samba são sinônimos dos Carnavais do Rio e das partidas de futebol nacional. A música originou-se no Rio de Janeiro e está tocando desde 1910. Existem vários estilos de samba, tais como o samba canção, suave, sambas sentimentais e inclusive samba reggae. O carnaval do Rio é a maior congregação da música do país. O grande festival inclui dançarinas levianamente vestidas, grandes carros, desfiles intermináveis e os rítmicos sons dos tambores.
Brasil - Carlinhos Brown aporta um toque de frescor aos ritmos tradicionais de seu país com sua característica voz e letras que vão mais além do óbvio. Milton Nascimento continua gravando suas nostálgicas canções inspiradas pelos Beatles, Jazz americano e ritmos brasileiros com os quais cresceu. Caetano Veloso utiliza as letras de suas canções como uma maneira de expressar suas preocupações quanto ao estado do mundo, adornando-as com melodias delicadas e musicais.
Estados Unidos - Ricky Martin continua conquistando o mundo com seu típico matiz latino, selo cosmopolita do pop hispânico. Marc Anthony passou de estrela da salsa à cantor de massas e aporta uma impecável coleção de atuações bilíngües. Eddie Palmieri grava uma obra mestra atrás de outra, com um toque salseiro e saboroso além de um quente estilo jazz latino. Celia Cruz é, todavia, e será para sempre, a Rainha da Salsa.
Agora está escurecendo nas ruas da grande cidade América Latina. Uma dupla elegantemente vestida senta-se em um bar, esperando impacientemente a aparição de seu cantor favorito no cenário. Apagam-se as luzes. O maestro de cerimônia conta uma má piada e arranca um aplauso do público. O primeiro ritmo de "Tumbadorasis" começa a tocar e as pessoas levantam preparando-se para dançar. Os instrumentos de sopro posicionam-se no cenário e esperam sua vez. O cantor sorri. A música começa a tocar...

Nenhum comentário: