O argentino Gustavo Santaolalla ganhou seu segundo Oscar consecutivo de Melhor Partitura Original por seu trabalho em Babel, enquanto que O Labirinto do Fauno de Guillermo del Toro levou três prêmios, de Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Fotografia. "Estou muito orgulhoso de ter trabalhado em Babel, um filme que nos ajudou a entender para quê estamos aqui", declarou Santaolalla ao receber seu prêmio das mãos de Penélope Cruz, logo após haver ganhado no ano passado por Brokeback Mountain. "Também agradeço ao meu amigo Alejandro González Iñárritu, à Argentina e a todos os latinos", completou.
Oscar com sabor hispânico
O mexicano Eugenio Caballero e a espanhola Pilar Revuelta levaram o prêmio de Direção Artística; os espanhóis David Martí e Montse Ribé de Melhor Maquiagem, e o mexicano Guillermo Navarro ganhou o de Fotografia. "Estou muito surpreso, pois eu sentia que era o único prêmio que iríamos ter", declarou Navarro na coletiva de imprensa, segundos depois de ficar sabendo que o filme não havia ganhado. No entanto, disse estar contente por seus prêmios e destacou que seu sucesso deve-se a um trabalho de equipe e ao cérebro de seu realizador. "Este é um reconhecimento ao gênio Guillermo del Toro", declarou Navarro ao aceitar sua estatueta. E seus companheiros estiveram de acordo. Tanto Caballero como Ribé e Martí elogiaram o realizador.
"Onde você está Guillermo?", gritou seu compatriota Martí buscando entre o auditório. "Muito obrigado Guillermo, isto é para ti".
Com sete indicações ao Oscar, o filme Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu converteu-se na maior surpresa das indicações em 2007. O filme de Iñárritu, que aborda o problema da incomunicação do ser humano, está indicado nas categorias de Melhor Diretor (Iñárritu), Melhor Filme, Melhor Roteiro Original (Guillermo Arriaga), Melhor Partitura (Gustavo Santaolalla), Melhor Edição (Stephen Mirrione e Douglas Crise) e duas indicações de seu elenco a Melhor Atriz Coadjuvante (Rinko Kikuchi e Adriana Barraza).
Olé! Do Toro
Em segundo lugar nas indicações, encontra-se outro mexicano, Guillermo del Toro, cujo filme O Labirinto do Fauno (Pan's Labyrinth) obteve seis menções da academia. Melhor Roteiro Original (Guillermo del Toro), Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção Artística (Eugenio Caballero, Pilar Revuelta), Melhor Diretor de Fotografia (Guillermo Navarro), Melhor Maquiagem (David Martí e Montse Ribé) e Melhor Trilha Sonora (Javier Navarrete). No entanto, para Del Toro, o maior prêmio já recebeu, quando seu Labirinto converteu-se no filme em espanhol com maior bilheteria nos Estados Unidos, quando a princípios de fevereiro arrecadou 27 milhões de dólares e desbancou assim Como Água para Chocolate, que ostentava o título de maior bilheteria desde 1992.
Cuarón fecha a trilogia - mex
Em menor número, mas não ficou à margem, está outro mexicano: Alfonso Cuarón, que com seu filme Filhos da Esperança (Children of Men), fecha a trilogia fantástica dos talentosos mexicanos. Seu filme recebeu menções nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (Hawk Ostby), Melhor Diretor de Fotografia (Emmanuel Lubezki) e Melhor Edição (Alex Rodríguez e Alfonso Cuarón). Quando Cuarón fala de seu filme o qualifica como seu "prêmio maior", porque era o filme que queria fazer. Ao referir-se a Babel, diz que é "uma maravilha" e ao Labirinto do Fauno como "uma obra mestre".
Esta chuva de candidaturas também é a mostra de uma comunidade "que cada vez tem a voz mais forte na indústria", disse Cuarón à agência EFE. "E a última coisa que quero dizer é que isto abriu as portas de Hollywood aos mexicanos porque isso seria um erro", esclareceu.
A 'simpática' que já fez história
Aos seus 32 anos, Penélope Cruz já fez história, pois é a primeira espanhola indicada ao Oscar de Melhor Atriz (Volver). Ainda que a vencedora tenha sido Helen Mirren (A Rainha - The Queen), a "simpática" dos espanhóis à lista de hispânicos indicados e, de alguma maneira, ganhadores só pela menção, se completam com nomes como o músico Javier Navarrete, os maquiadores David Martí e Montse Ribé assim como a decoradora Pilar Revuelta, e na carreira pelo Oscar de Melhor Curta-metragem, os espanhóis Javier Fesser e Luis Manso com 'Binta Y La Gran Idea' desejaram o mesmo Oscar que seu conterrâneo Borja Cobeaga autor de 'Eramos Pocos'.
Considerações Finais
Apesar da presença latina ter sido maior nesse Oscar, poderia ter sido ainda melhor. Para começar, O Labirinto do Fauno deveria ter levado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no lugar do "The lives of others" (Alemanha), e se desse o Oscar de Melhor Roteiro Original também (até Babel serviria). Por falar em Babel, Melhor Filme e Melhor Diretor são categorias muito almejadas, ainda mais quando se concorre com o diretor vencedor, Martin Scorsese, então, como uma forma de consolação, podemos dizer que pelo menos é um filme original. E por último, Volver deveria ter sido ao menos indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro também, já que Penélope Cruz não conseguiu o de Melhor Atriz.
Lembremos também que no Globo de Ouro:
* Babel - teve 7 indicações: Melhor Filme Drama (ganhou!); Melhor Diretor, Alejandro González Iñárritu (perdeu para Martin Scorsese - Os Infiltrados); Melhor Ator Coadjuvante, Brad Pitt (perdeu para Eddie Murphy - Dreamgirls); Melhor Atriz Coadjuvante, Adriana Barraza e Rinko Kikuchi (perdeu para Jennifer Hudson - Dreamgirls); Melhor Roteiro, Guillermo Arriaga (perdeu para Peter Morgan - A Rainha); Melhor Trilha Sonora, Gustavo Santaolalla (perdeu para Alexandre Desplat - The Painted Veil).
* O Labirinto do Fauno - teve 1 indicação: Melhor Filme Falado em Língua Estrangeira (perdeu para Cartas de Iwo Jima).
* Volver - teve 2 indicações: Melhor Atriz Drama, Penélope Cruz (perdeu para Helen Mirren - A Rainha); Melhor Filme Falado em Língua Estrangeira (perdeu para Cartas de Iwo Jima).
Esperamos que cada vez mais o cinema latino seja valorizado e reconhecido!
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